Depois de um ano político sempre vem a pergunta: o que vai mudar? No contexto federal, parece que não mudará muita coisa. O governo deve seguir a mesma linhagem anterior, afinal de contas, a presidente Dilma é a escolhida pelo eterno presidente Lula para substituí-lo.
É claro que algumas diferenças existem. Aliás, grandes diferenças. O presidente Lula conta com um fenomenal índice de aprovação durante todo o seu governo, e não foi à toa. É uma pessoa ímpar no mundo político e social, com uma carisma, um jogo de cintura invejável até mesmo pelo presidente da maior potencia econômica do mundo, Barack Obama. Ele é o cara.
Dilma por sua vez tem suas características administrativas bem definidas, uma gestora de mão cheia. Uma mão as vezes pesada demais, segundo pessoas que trabalhavam próximo a ex-ministra da Casa Civil.
Mas o que interessa para nós é o que pode mudar nas políticas de combate ao racismo, de defesa dos direitos das mulheres, dos homossexuais, de preservação da cultura e do patrimônio cultural afrobrasileiro e afro-religioso.
Em órgãos específicos, como já viram em nossa capa, mudanças consideráveis ocorreram. A ministra da SEPPIR leva para Bahia o comando as políticas de promoção da igualdade racial. Anteriormente os bahianos detinham o comando da cultura nacional, através do ministério da cultura, e de forma dirigida, na fundação palmares. Não era incomum se ouvir queixas de grupos de outros estados, de que a Bahia era um tanto quanto mais privilegiadas na execução de convênios, projetos, e recebimentos de premiações ligadas a cultura afrobrasileira.
A ministra Luiza Bairros é uma intelectual nata, respeitada no mundo acadêmico. No meio político não poderia ser diferente, seu nome quase não sofreu objeções. É claro que politicamente falando, outros nomes eram cotados para a pasta, e sua escolha desagradou a alguns, mas de nenhuma forma foi contestada sua capacidade de comandar a secretaria com status de ministério que tem a missão de promover políticas de formação de um Brasil mais justo para os afrobrasileiros, ciganos, indígenas quilombolas e todas as ditas minorias discriminadas.
Hoje a Palmares tem um comando ligado ao Rio de Janeiro, nas mãos do ex-ministro Elói Ferreira. Ele sempre teve bom diálogo com grupos de outros estados, e nos parece que deve implementar uma política mais ampla, menos voltada para auto promoção, como aconteceu na gestão anterior.
Se Dilma e seus escolhidos seguirem a linha de trabalho dos oito anos de governo Lula, pelo menos temos a certeza de que não pararemos de avançar em busca de um Estado democrático de direito, onde as diferenças raciais não serão barreira para ascensão social, e teremos o prazer de ver os grandes postos de poder, ocupados por pessoas abençoadas pelo colorido na pele, herdado de nossos ancestrais africanos.
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